A discussão sobre sustentabilidade vem afetando o mercado financeiro e comercial há algum tempo. Seu impacto tornou-se crescente e impossível de ignorar a partir dos anos 2000, década na qual surgiu o conceito de ESG.

Diante desse cenário, empresas que pretendem liderar o mercado e, em longo prazo, sobreviver, precisam de mais do que se preocupar com os tradicionais orientadores de gestão administrativa interna ao negócio, sem um olhar para o contexto.

Um estudo do PwC projeta que até 2025 mais de 50% dos fundos mútuos europeus terão os critérios ESG para direcionar seus ativos, assim como investidores majoritariamente deixarão de comprar produtos de marcas que não seguem essas diretrizes.

Fora isso, é evidente a conscientização maciça dos consumidores, que cada vez mais consomem mais do que o produto: preocupam-se com os valores e responsabilidade socioambiental das empresas.

Nesse artigo, vamos compartilhar alguns esclarecimentos sobre a ESG para que a sua marca possa se sintonizar com essa nova e fundamental visão de mercado. Continue a leitura!

ESG: o que significa a sigla que condicionou o futuro da sua empresa a uma atitude responsável?

A sigla ESG abrevia as palavras do inglês Environmental, Social and Governance. Ela diz respeito às práticas Ambiental, Social e de Governança das organizações. Mais do que um discurso, esses termos e suas proposições se tornaram legítimos princípios associados aos valores de uma empresa.

O termo cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global, a partir de uma provocação do secretário geral da ONU Kofi Annan a CEOs de grandes instituições financeiras é, atualmente, um fator de competitividade relevante no mercado nacional e internacional.

A prática ESG tem seus critérios alinhados com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e engloba práticas responsáveis diante de pessoas, do meio ambiente e da gestão responsável e eficiente. A seguir falar mais sobre o que cada palavra da sigla propõe.

Environmental (Ambiental)

O eixo ambiental da sigla diz respeito às políticas em prol do meio ambiente e como a empresa se mobiliza interna e externamente em relação a esse assunto, que é bastante amplo.

Então, investidores que buscam empresas com forte apelo a esse eixo vão se interessar por marcas que adotem práticas preventivas contra danos ao ambiente, iniciativas que promovam a responsabilidade socioambiental e desenvolvam tecnologias ambientais responsáveis.  

Algumas pautas associadas a esse eixo são: a preocupação com as mudanças climáticas, emissão de gás carbono, poluição de rios e mares, poluição do ar, gestão de resíduos, combate aos desmatamento ilegal, preservação biodiversidade e ecossistema. 

Social

Já o eixo Social da ESG refere-se às ações que promovem diversidade e inclusão social, envolvendo pautas como o respeito e apoio aos Direitos Humanos, direitos trabalhistas, equidade de gênero, ambiente de trabalho saudável, relação com a comunidade local, dentre outras.

O eixo Social, em particular, tem transitado do silêncio para uma grande repercussão estimulada, principalmente, pela exposição nas redes sociais e conscientização das pessoas para manifestar ocorrências de ofensas e violência.

Ocorrência de racismo, discriminação por qualquer singularidade, ausência de políticas ou posicionamento de uma empresa quanto à diversidade pode ser um passo em direção ao abismo.

Diversas marcas são recorrentemente denunciadas ou provocadas a se posicionar 

Além de afastar o interesse dos investidores, as empresas que passam por uma crise na imagem relacionada a esse eixo encontram uma grande dificuldade em restabelecer sua reputação no mercado e com os consumidores.

Governance (Governança)

O eixo da governança encontra eco nas práticas transparentes, éticas e responsáveis na administração de uma organização. Trata-se de um elemento competitivo relevante, uma vez que as boas práticas de governança preveem estratégias de gestão mais eficientes e confiáveis, algo que pesa na decisão de investidores, por exemplo.

É fato que empresas ESG são mais valorizadas no mercado?

Adotar a ESG não é só melhorar a imagem da empresa no mercado e conseguir maior atenção dos investidores, isso se torna consequência. A ESG é uma estratégia que visa otimizar as boas práticas de gestão frente aos três eixos mencionados e promove uma mudança estrutural na cultura organizacional, ainda mais quando pensamos nos eixos Social e Governança. 

Não à toa, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) mede, desde 2005, a sustentabilidade corporativa de empresas, apontando as que têm melhor desempenho nos eixos já mencionados. Assim, o índice analisa como parte do desempenho empresarial as dimensões econômicas, sociais, ambientais e de governança. 

Na última edição do ISE, 17ª carteira com validade para 2022, publicado pela B3, tivemos os seguintes resultados no que tange à promoção da diversidade:

  • 99% das empresas oferecem mecanismos formais, independentes e de fácil acesso para denúncias relacionadas a casos de assédio moral, sexual, racismo, homofobia, transfobia, entre outros;
  •  100% das empresas indicaram fazer o gerenciamento adequado dessas denúncias;
  • 93% das empresas indicaram possuir uma área, instância ou pessoa responsável por garantir a implementação de ações de promoção e valorização da diversidade;
  •  48% das empresas indicaram que priorizam o tema da diversidade na agenda dos seus conselhos de administração.

Já quanto à formação dos conselhos administrativos, temos:

  • 78% das empresas possuem pelo menos uma mulher como membro titular em seus conselhos.
  • 11% das empresas possuem pelo menos um negro como membro titular em seus conselhos.
  • 4% das empresas possuem pelo menos um representante LGBTQIA+ como membro titular em seus conselhos.

O Índice também revela que a gestão ESG tem se tornado prioridade na maioria das empresas pesquisadas (ao todo foram 46), das quais 100% indicam que suas atuação é baseada em princípios e valores éticos que são prioridade de gestão em suas estratégias e modelos de negócio.

Como as ações de D&I podem auxiliar as empresas?

Como pudemos observar, a premissa de Diversidade e Inclusão (D&I) está presente em dois eixos da ESG, Social e Governança. Portanto, instituições que pretendam se adequar aos parâmetros ESG precisam movimentar ações nesse sentido.

É preciso que as empresas contemplem a Diversidade e Inclusão desde a cultura organizacional, atravessando os valores e códigos do empreendimento. Esse é o primeiro passo para garantir que o ambiente corporativo seja saudável e seguro para essas pessoas.

É preciso ainda compreender bem o que significa cada termo para que eles não sejam erroneamente mencionados. Enquanto a diversidade refere-se a composição múltipla da equipe.  Refere-se, portanto, à inclusão de pessoas com diferentes orientação sexual, gênero, etnia e religião, dando oportunidade principalmente às minorias.

Já a inclusão está relacionada à oferta de condições de trabalho que permita que todos possam exercer suas funções.  A política de cotas, por exemplo, é uma estratégia para inclusão das pessoas com deficiência nesses espaços a fim de promover, além da própria inclusão e do acesso igualitário, a diversidade nesses ambientes.

Ações como promoção de equipes diversas, desde o recrutamento, abrindo espaço para negros, mulheres, lgbtqia+ e pessoas com deficiência são importantes, mas não resumem uma cultura de Diversidade e Inclusão. É necessário oferecer condições para que os profissionais atuem.

No caso de pessoas com deficiência, por exemplo, garantir que eles possam desempenhar suas funções sem sofrer capacitismo, e tenham acesso às ferramentas assistivas necessárias para a realização das atividades e a comunicação com seus pares.

E onde a acessibilidade digital entra?

Já observamos que a inclusão social ser é pauta que contempla dois eixos ESG, além de corresponder a vários dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU.

Nesse contexto, a promoção da acessibilidade digital é uma atitude que promove a inclusão social, ao passo em que proporcionam a pessoas com diferentes limitações o acesso a conteúdos, serviços e demais ofertas que as empresas disponibilizam na internet.

Os ODS 04 e 08, por exemplo, mencionam a promoção de educação e trabalho inclusivos. Isso envolve não apenas viabilizar o acesso de pessoas com limitações físicas a essas oportunidades no meio digital, mas também demonstrar que há real espaço para elas por meio da disponibilização de recursos adequados e/ou menção ao que elas terão como suporte caso desejem acessar tais oportunidades. 

No campo virtual, a acessibilidade digital torna-se fundamental, uma vez que boa parte das ações e atividades educacionais ou corporativas se dão em meios digitais e sistemas online. É importante também pensar no público pessoa com deficiência como cliente final que enfrenta muitas dificuldades no acesso a informações em um site de compras, por exemplo. 

Como começar a adoção do ESG? 

Para implantar uma gestão moldada nos princípios ESG, é importante fazer um diagnóstico da gestão e da empresa como um todo, percebendo como tem sido sua atuação nos três eixos. 

Em seguida, devem-se estudar medidas e elaborar políticas que possam melhorar a atuação da empresa em cada eixo, caso já tenha uma certa ação, ou implementar políticas que comecem a contemplar, caso ainda não existam. Por exemplo, adotar medidas e elaborar campanhas de consumo consciente, incentivando a redução da produção de lixo na empresa.

Pode também promover políticas de inclusão, ampliando vagas destinadas a pessoas com deficiência na empresa e adotando ferramentas de acessibilidade para que tais colaboradores possam se comunicar com os colegas e realizar suas atividades com autonomia. Tornar seus canais de comunicação acessíveis, sites, redes sociais, entre outros também são algumas possibilidades. 

O importante é que a Gestão ESG seja bem planejada e apresentada com clareza aos funcionários, colaboradores e público envolvido para que a estratégia se consolide.

Agora que conhecemos os critérios para que uma gestão seja ESG, dê mais um passo importante para atender a esses critérios: aprenda sobre como realizar um processo seletivo inclusivo na empresa.

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